quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Entre a angústia que aperta
e a morte que é certa
Nada é a escuridão
para quem é filho da solidão

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
O que temer desse mistério,
confinada em um cemitério
Se apenas os mortos a ouvem chorar
e Deus não te ouve orar

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
De nada nos adianta odiar
quando já nos foram matar
Assim que inútil é gritar,
a saída é escondida chorar

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Espere que um dia hão de se compadecer
aqueles que tu deixas te bater
Espere que olhe a um oprimido
outros olhos refletindo caráter destruído

Chora menina,
chora no seu quarto escuro
Permita-me ceder meu lenço,
pois lágrimas, há muito, dispenso
Não faço da vergonha meu véu
nem da minha dor, alheio troféu